sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

CLIMA NO MUNDO


Brasil pode contribuir para fundo climático internacional, diz Lula
Presidente se disse 'frustrado' com negociações climáticas.
Conferência de Copenhague está em seu último dia.

Do G1, em São Paulo
Tamanho da letra
A- A+


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (18) na plenária do último dia da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 15) que o Brasil está disposto a oferecer dinheiro para um fundo internacional de financiamento de medidas de adaptação e redução de emissões nos países pobres. “Se for necessário o Brasil fazer um sacrifício a mais estamos dispostos a participar do financiamento”, disse.



Lula abriu seu discurso, antes do presidente americano Barack Obama também discursar e afirmar que o mundo precisa imediatamente de um acordo, mesmo que ele não seja perfeito.



Dizendo querer chegar a um consenso, Lula afirmou que compreende que os países ricos não "serão os salvadores dos países em desenvolvimento" e que o aquecimento global pode atrapalhar o desenvolvimento do Brasil . "Passamos um século sem crescer enquantos outros cresciam muitos. Agora que nós começamos a crescer, não é justo que voltemos a fazer sacrifício"



O presidente brasileiro foi enfático ao afirmar que estava frustrado com os resultados obtidos até agora. O tom de crítica dominou a fala de Lula. "Confesso que estou um pouco frustrado porque discutimos a questão do clima e cada vez mais constatamos que o problema é mais grave do que nós possamos imaginar"



Adoraria sair com o documento mais perfeito do mundo. Mas se não conseguimos fazer até agora esse documento, não sei se algum sábio ou anjo descerá nesse plenário e conseguirá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora "
Após participar de uma reunião extraordinária durante a madrugada desta sexta-feira com líderes de estado para tentar chegar a um esboço do acordo, Lula se disse surpreso e que há muito tempo não participava de uma reunião como essa. "Submeter chefes de estado a determinadas discussões como nos fizemos ontem, há muito tempo não assistia”



Lula lembrou que os compromissos de combate às mudanças climáticas devem ser compartilhados por todos os países, mas o passado de emissões de gases causadores do efeito estufa dos países industrializados não pode ser esquecido.



Segundo Lula, o problema para que os países cheguem ao acordo não é apenas o dinheiro, mas a disposição política. O presidente afirmou que os países estão "barganhando" na conferência da ONU.


"Quando pensarmos no dinheiro, não pensemos que estamos fazendo um favor, que estamos dando uma esmola. Porque o dinheiro que vai ser colocado na mesa é o pagamento das emisssões de gases de feito estufa de dois séculos de quem teve o privilegio de se industrializar primeiro", disse.






Presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (18) que 'um milagre' pode salvar a conferência (Foto: ATTILA KISBENEDEK/AFP)


De acordo com o presidente, o Brasil foi ousado em estabelecer metas voluntárias. "Pensando em contribuir para a discussão nessa conferência, o Brasil teve uma posição muito ousada", disse. "Apresentamos nossas metas até 2020, assumimos um compromisso e aprovamos no Congresso nacional transformando em lei até 2020 que o Brasil reduzirá as emissões de gases do efeito estufa de 36,1% a 38,9%.



O dinheiro que vai ser colocado na mesa é o pagamento das emisssões de gases de feito estufa de dois séculos de quem teve o privilegio de se industrializar primeiro "
"Foi necessário para mostrar ao mundo que com meias palavras e barganhas agente não encontraria uma solução"



Dirigindo-se ao presidente da COP 15, Lars Lokke Rasmussen, e ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, Lula afirmou: "adoraria sair com o documento mais perfeito do mundo. Mas se não conseguimos fazer até agora esse documento, não sei se algum sábio ou anjo descerá nesse plenário e conseguirá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora", disse o presidente.



Lula defendeu que seja redigido um documento que leve em consideração a soberania dos países. Os países em desenvolvimento são contrários ao monitoramento externo de políticas de mitigação por parte dos países desenvolvidos.



Obama

Após o discurso de Lula, o presidente americano Barack Obama abriu seu discurso dizendo: "o tempo de falar acabou. A questão é se vamos seguir em frente juntos ou nos dividirmos", afirmou. "Esse não é o acordo perfeito e nenhum país vai conseguir tudo o que quer. "Vamos continuar discutindo os mesmos argumentos mês após mês, ano após anos... enquanto o perigo da mudança climática cresce de forma irreversível".



Obama defendeu a criação de mecanismos para o acompanhamento da mitigação das emissões nos países em desenvolvimento, proposta que não agrada a países como o Brasil, Índia e China.

Nenhum comentário:

Postar um comentário